Canteiros-Homenagem do cantor Fagner a Cecília Meireles
Hoje é um dia bem especial para quem gosta de poesia, pois comemoramos os 110 da grande poeta Cecília Meireles. Nascida no Rio de Janeiro, em 1901, ela se consagrou como a principal voz poética feminina, quando as vozes das mulheres ainda nem sequer eram ouvidas. Cecília foi precursora das conquistas femininas, no Brasil, e também ousada, pois soube externar o EU feminino com uma sensibilidade única, que a fez a primeira grande escritora brasileira.
"Motivo"
Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.
Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.
Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
— não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.
Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
— mais nada.
Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.
Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.
Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
— não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.
Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
— mais nada.
Nenhum comentário:
Postar um comentário